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Foto: Renan Mattos (Diário)
Na padaria Kipão (foto) produção é feita em fornos elétricos. Segundo proprietário, impacto no aumento de 10% na conta de luz e de 38% no custo da farinha de trigo levarão ao reajuste no preço dos pães
Uma conta que não pode deixar de ser paga e que está pesando - e muito - no bolso. Não bastassem os aumentos dos preços da carne, gasolina, gás de cozinha, a conta da energia elétrica não para de subir e tira, cada vez mais, o poder de compra do consumidor. A expectativa, agora, é que o custo maior com a eletricidade leve ao reajuste dos preços dos alimentos, como o pão.
Diversos fatores são enumerados para os aumentos consecutivos da conta de luz, como a alta do dólar e uma crise hídrica no país. Independentemente dos motivos, essa conta cai em um só lugar: no empobrecimento da população.
O último reajuste da RGE, responsável pela distribuição na Região Central, foi aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) há um mês: 9,93% para usuários residenciais e 10% para empresas. Nem mesmo as pessoas de baixa renda foram poupadas do aumento, que foi de 9,11%. A elevação afetou 2,9 milhões de consumidores.
Segundo a Aneel, a RGE é a 9ª distribuidora com a tarifa mais cara do Sul do Brasil, com o preço médio de R$ 0,643 kw/h.
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Os aumentos refletem diretamente no bolso dos consumidores, e causam um efeito cascata, assim como acontece nos combustíveis. O preço do pão, por exemplo, deve sofrer alteração em breve. Com a maioria dos fornos alimentados com energia elétrica, não resta opção para os empresários, que já sofrem com a alta da farinha de trigo. Desde o início do ano, o principal ingrediente do pão subiu 38%.
- Hoje, a conta mensal de energia gira em torno de R$ 7,5 mil. Infelizmente, não tem como a empresa arcar (os custos) sem repassar ao consumidor. A conta de luz representa entre 6% a 7% dos custos gerais, fora os outros aumentos de janeiro até agora. Estamos diminuindo os custos, mas, provavelmente, vamos repassar esse aumento a partir de agosto - relata o proprietário da padaria Kipão, Alex Fernantes Palma
A alternativa encontrada por alguns empresários para reduzir custos é a energia solar. Outros adotam até geradores de energia.
- É um investimento caro, mas que, no futuro, vai se pagando. Se for depender da energia elétrica, não tem condições, porque o valor está altíssimo - diz o sócio-proprietário da padaria Pão Quente, Jader Saurin, que também investiu em um forno movido a óleo diesel.
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Apesar do impacto, aumentos seguem a inflação
As elevações consecutivas nos preços da energia elétrica podem até assustar os consumidores. Mas, pelos números, elas fazem sentido.
Segundo a Aneel, o acionamento além do previsto de usinas termelétricas para garantir o fornecimento de energia em 2021 vai custar R$ 9 bilhões aos consumidores. De janeiro a abril deste ano, o uso emergencial dessas usinas já custou R$ 4,3 bilhões a mais.
Além disso, se comparada a evolução da inflação, o preço médio cobrado pela tarifa da energia tem acompanhado a inflação oficial do país, medida pelo IPCA (veja no quadro).
Porém, há uma diferença agora. No segundo ano de pandemia, grande parte dos trabalhadores não teve reajuste salarial - pelo contrário, muitos tiveram redução de vencimentos.
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- Neste momento de pandemia, as empresas tiveram problemas de fluxo financeiro e simplesmente não conseguiram reajustar os salários - relata o economista Alexandre Reis, ao destacar a dificuldade da população em manter o poder de compra dos últimos anos.
Dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que a pressão nos custos é ainda maior entre as famílias mais pobres. Pessoas com renda domiciliar inferior a R$ 1,6 mil sofreram uma alta de 0,62% nos preços de maio a junho. Já quem recebe mais de R$ 16 mil por mês sofreu uma inflação de 0,36% no mesmo período.